Bordeaux é um rio antes de ser um vinho. E como todo rio, divide — geograficamente, simbolicamente, estilisticamente. De um lado, temos a margem direita, onde reinam Merlot e maciez. Do outro, a margem esquerda, território das grandes propriedades, dos vinhos de guarda, e da nobreza da Cabernet Sauvignon.

É na margem esquerda, mais especificamente no Médoc, que encontramos algumas das comunas mais célebres do mundo. Margaux, com sua delicadeza aromática. Pauillac, com sua potência austera. Graves, com seu caráter mineral e terroso. E bem entre elas, está Saint-Julien.

Embora não possua nenhum premier cru, a minúscula comuna de Saint-Julien concentra uma grande quantidade de vinhos classés. Situa-se ao sul de Pauillac, no coração do Haut-Médoc, e produz também vinhos de alta qualidade mesclando as características de Pauillac (vigor) com as de Margaux (fineza e elegância). Onze de seus vinhos constam da classificação de 1855 e vários "crus bourgeois", destaque para : Château Beychevelle, Château Ducru- Beaucaillou, Château Léoville Las Cases, Château Léoville-Barton e Château Lagrange.

Tinto composto a partir de 80% Merlot e 20% Cabernet Sauvignon, com estágio de 70% do vinho durante 8 meses em barricas de carvalho francês. Sedutor nos aromas e franco nos sabores, mostra frutas vermelhas e negras maduras no ponto certo, escoltadas por notas florais, de ervas e de especiarias doces. Fluido e gostoso de beber, chama atenção pela vibrante acidez, pelos taninos tensos e de grãos finos e pelo final persistente, com toques de cassis, de violetas, de alcaçuz e de grafite.

Este Bordeaux recebeu AD 92 pts pela Revista ADEGA.