No sul escaldante da Espanha, onde os ventos do Atlântico sopram sobre os vinhedos brancos de albariza, um fenômeno silencioso transforma o vinho em algo único no mundo.

Ali, nas caves úmidas e escuras de Jerez, um organismo microscópico tece um véu delicado sobre o vinho. Uma película viva de leveduras que se forma espontaneamente na superfície do líquido e dá início ao chamado envelhecimento biológico.

Essas leveduras têm a capacidade de flutuar na superfície do vinho, formando esse véu, que acessa o oxigênio do ar necessário à sua sobrevivência e ao mesmo tempo protege o líquido abaixo da oxidação. Um ambiente desafiador: alto teor alcoólico, baixo pH, pouca presença de oxigênio e enxofre residual. E é nesse equilíbrio delicado que reside o segredo.

Enquanto o véu se mantém vivo, as leveduras metabolizam substâncias como etanol, glicerol e ácido acético, transformando o vinho por dentro. O resultado? Uma expressão singular: aromas de amêndoas, toques salinos, pão fresco, giz, maresia — um perfil inconfundível, que nenhum outro vinho no mundo é capaz de reproduzir. Descobrir Jerez é descobrir um outro mundo dentro do mundo do vinho.

Branco fortificado seco elaborado exclusivamente a partir de uvas Palomino Fino, com estágio de, pelo menos, 3 anos em botas (barris de carvalho), no sistema de solera. Franco nos aromas e nos sabores, mostra notas cítricas, salinas, de frutos secos e de padaria, tudo em meio a uma ótima acidez e textura cremosa. Nítido e fresco, perfeito para acompanhar azeitonas verdes.

Este exemplar recebeu AD 90 pts pela Revista ADEGA.