🍇 Da extinção ao sucesso. Carmenere!
De toda a história recente do vinho, talvez o caso mais curioso seja o da uva Carménère. Nativa de Bordeaux, foi arrasada pela filoxera, praga que devastou as vinhas no final do século 19 e início do século 20. Considerada extinta na França, foi redescoberta no Chile depois de alguns anos de investigação. Em 1994 foi estabelecida a sua identidade genética, e desde então o Chile se tornou o maior produtor dessa variedade. Há exatos 30 anos.
Por um século aproximadamente a casta foi comercializada como sendo a Merlot. Havia uma desconfiança entre os produtores, mas nada que tirasse seu sono.
Ambas, Merlot e Carménère são parentes, possuem um ancestral comum de onde veio a Cabernet Franc, a Malbec, a Sauvignon Blanc e a Petit Verdot. Mas existe uma diferença fisiológica gritante entre elas. A Merlot é precoce, ou seja, amadurece no primeiro calor do verão. Já a Carménère é tardia, chega a ser colhida outono adentro. A Merlot é suave e amigável. A Carménère é tânica e tem o dobro do corpo. Enfim, as diferenças são imensas. Mas o mistério foi solucionado e quem ganhou foram os apreciadores de um bom vinho que agora podem dormir em paz.
Abaixo um exemplar de Carménère da Viña Odfjell (que tem como missão produzir rótulos memoráveis de forma sustentável), um verdadeiro ADEGA Best Buy rico em aromas, cativante e persistente.
Tinto certificado orgânico a partir de uvas 97% Carménère e 3% Merlot, com fermentação sem adição de leveduras exógenas e sem passagem por madeira, mas com estágio entre 8 e 10 meses em tanques de aço inoxidável antes do engarrafamento. Fluido e gostoso de beber, mostra as típicas notas de ervas e de especiarias picantes da variedade envolvendo suas frutas vermelhas e negras, maduras no ponto certo, com sua acidez vibrante e seus taninos firmes e de grãos finos ditando as regras. Tem final cativante e persistente, com toques de amoras, de amiexas e de pimenta negra.
Este Carmenère recebeu 91 AD pela Revista ADEGA e 90 pontos pelo Guia Descorchados.