🍇 Biodinâmica: o que há por trás dos vinhos mais vivos do mundo?
Imagine um vinhedo que pulsa em sintonia com a natureza. Onde as fases da lua indicam o momento ideal para podas e colheitas. Onde animais circulam livremente entre as videiras, enriquecendo o solo, equilibrando o ecossistema e participando ativamente da viticultura. Essa é a essência da biodinâmica — um conceito que vai muito além do cultivo orgânico.
Desenvolvida no início do século XX pelo filósofo Rudolf Steiner, a agricultura biodinâmica vê a propriedade rural como um organismo autossuficiente, que interage com o ambiente em seu entorno. Nada é isolado: o solo, as plantas, os animais, os astros — tudo faz parte de um mesmo ciclo de vida.
No vinhedo, isso se traduz em práticas como o uso de preparados naturais, a integração de animais como cavalos, ovelhas e galinhas, que colaboram com o controle biológico, a fertilidade do solo e a vitalidade do ecossistema, além do respeito ao calendário lunar e cósmico, que orienta as atividades agrícolas de acordo com os ritmos da natureza.
Para quem já conhece vinhos orgânicos, a biodinâmica é o passo seguinte: não basta não interferir, é preciso restabelecer a harmonia entre todas as formas de vida.
Primeiro Coyam, em 2001, era um blend de 4 variedades. Hoje, na vigésima colheita, é um complexo corte de 37% Syrah, 36% Carménère, 6% Carignan, 5% Garnacha, 5% Cabernet Sauvignon, 4% Mourvèdre 3% Petit Verdot, 3% Malbec e 1% Tempranillo. O ano de 2021, como já mencionamos antes, é um dos grandes anos deste século para o Chile, rivalizando com a colheita 2018. Utilizou recipientes diversos em sua elaboração por 14 meses. 70% em barricas de carvalho francês novas e de segundo uso, 20% em foudres de carvalho francês de 5.000 e 2.000 litros e 10% em cubas de concreto. Flores, ervas, bosque, ameixas e frutas vermelhas suculentas, além de um toque de pimenta negra. A Carménère oferece notas de especiarias. Vai se abrindo em camadas. Terra molhada de bosque. As variedades mediterrâneas respondem por cerca de 15% do blend e são cruciais por sua capacidade de lidar com o calor e manter um perfil fresco. As leveduras nativas resultam em um vinho elegante, no caminho de extrair menos e à baixa temperatura. Entre as nuances o vinho vai apresentando toques de grafite, mais ervas de bosque e flores azuis. A estrutura está aí, mas disfarçada sob o protagonismo da vida nas frutas e alegria da acidez que garante a longevidade deste vinho.
Este biodinâmico recebeu AD 95 pts pela Revista ADEGA e também por Patricio Tapia no Guia Descorchados.

