Nas encostas mais altas da Serra da Estrela, onde o Dão beira os seus limites mais extremos, o terroir ganha contornos únicos. A altitude acentuada, os ventos frios e os solos pobres de granito criam um ambiente rigoroso, que impõe maturações lentas e desafia a vinha a buscar profundidade. É lá, nesse cenário de montanha, cercado pelas Serras da Estrela, do Caramulo e da Nave, que surgem alguns dos vinhos mais vibrantes e refinados de Portugal. Demarcado oficialmente em 1908, o Dão é um dos territórios vinícolas mais antigos de Portugal — e também um dos mais elegantes. A influência direta da serra se traduz em acidez cortante, frescor límpido e um perfil aromático delicado, muitas vezes floral, com toques minerais e textura precisa. Não há espaço para excessos. A natureza dita o ritmo e o resultado são vinhos de grande precisão, que expressam pureza e transparência.  É nesse recorte do Dão, mais austero e altivo, que a elegância atinge novos patamares. Um estilo que valoriza o silêncio das montanhas e o detalhe do trabalho bem-feito, capaz de produzir tintos etéreos, longos, e com potencial de guarda notável. Uma prova de que, quando o lugar fala mais alto, o vinho escuta.

Revista ADEGA - AD 95 pts

Blend tinto composto a partir da predominância de uvas Jaen, Alvarelhão, Tinta Pinheira, Tinta Carvalha, Bastardo, entre outras, advindas do field blend de vinhas velhas de mais de 70 anos (onde foram identificadas mais de 48 castas), cultivadas em solos graníticos, com incidência de areia e de argila, na parcela Alto, localizada nas cotas mais elevadas do vinhedo, plantado a cerca de 500 metros acima do nível do mar, na Vila Nova de Tazém, sub-região da serra da Estrela, no Dão. O vinho fermenta sem adição de leveduras exógenas em tanques de aço inoxidável e depois estagia durante 36 meses em barris usados de carvalho francês de 400 litros. Ainda jovem, chama atenção pela qualidade e nitidez de suas frutas vermelhas e negras, maduras no ponto certo, acompanhadas de notas florais, de ervas e de especiarias doces, que se confirmam no palato. Estruturado e potente, mas também fluido, preciso e refinado, tem acidez refrescante, taninos firmes e de grãos finos e final cheio e persistente, com toques terrosos, de amoras, de cerejas, de tabaco, de alcaçuz e da passagem pela madeira. Encorpado e exuberante, mas sem comprometer a finesse e o equilíbrio tão característicos dos vinhos da Quinta da Pellada, está ótimo agora, mas deve ficar ainda melhor em 10 anos. 

Degustado em 07/11/2024 por EM

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Tipo: Tinto
Produtor: Quinta da Pellada
País: Portugal
Região: Dão
Uva(s): Jaen, Alvarelhão, Tinta Pinheira, Tinta Carvalha, Bastardo, entre outras, advindas do field blend de vinhas velhas de mais de 70 anos (onde foram identificadas mais de 48 castas)
Graduação Alcoólica: 13%
Amadurecimento: 36 meses em barris usados de carvalho francês de 400 litros.