A Pinot Noir é uma das uvas mais antigas que se conhece. Há registros de que já era cultivada na Borgonha há cerca de dois mil anos, ainda na época da ocupação romana. O nome, que significa literalmente “pinha negra”, descreve com precisão o formato compacto e cônico dos cachos, de bagos escuros e próximos, como uma pequena obra de simetria natural.

Seu prestígio ganhou força no século XIV, quando Filipe, o Valente — Duque da Borgonha — baniu a Gamay e decretou a Pinot como a casta nobre da região. Desde então, ela passou a ser tratada com reverência, tornando-se símbolo da expressão pura do terroir e sinônimo de elegância no mundo do vinho. Sensível ao clima, ao solo e à intervenção humana, ela exige condições muito específicas para se mostrar em plenitude — e, por séculos, acreditou-se que isso só seria possível na Côte d'Or.

Mas o tempo, a técnica e a curiosidade mostraram que a Pinot Noir pode florescer também fora da França. Hoje, viticultores ao redor do mundo buscam, revelar a personalidade da casta em novos contextos: dos vales costeiros do Chile às encostas frescas da Nova Zelândia, passando por Oregon, Patagônia e Hemel-en-Aarde. O foco agora é entender como a uva se comporta em cada solo e microclima, explorando sua tipicidade com respeito e precisão.

A alma da Pinot permanece fiel à sua origem — mas seu espírito é cada vez mais global.

Tinto elaborado exclusivamente a partir de uvas Pinot Noir cultivadas em Aconcagua Costa, com fermentação sem adição de leveduras exógenas (15% em cachos inteiros) e estágio de 11 meses, sendo 85% em barricas de carvalho francês (15% novas) e 15% em foudres. Mesmo em um ano mais quente quando comparado ao de 2021, tem acidez refrescante e taninos tensos e de grãos finos, que aportam equilíbrio a todas suas frutas vermelhas maduras. Suculento e de boa tipicidade, tem final persistente, com toques terrosos, de cerejas e de especiarias.

Este Pinot Noir recebeu AD 91 pontos pela Revista ADEGA e 90 pts pelo Guia Descorchados.